Textos


gaivotas


já fazem parte desta cidade.
Vestidas de branco e cinza,
misturam-se na espuma das ondas, na bruma da manhã.
Noutros tempos  faziam-se notar
em dias de temporal,
são agora uma presença constante,
mesmo em tempos de bonança.
Quando foram expulsas do seu habitat
resolveram apropriar-se da cidade.
O espaço público agora também é seu.
Vivem nos telhados,
passeiam-se entre os visitantes, reclamam comida...estão por toda a parte.
De tal modo que já aprendemos a olhá-las

como parte integrante da paisagem.

Relembrando...
Em 1973 houve um “abalo” em Lagos. Não um desses que fazem tremer tudo à sua volta a muitos quilómetros de distância. Este abalo fez tremer regras estabelecidas, cânones respeitados e cumpridos. Teve o seu epicentro na Praça do Município da minha terra natal.
Nesse dia (importante!), a cidade sofreu um abalo, tão forte, que quase não deixava pedra sobre pedra, porque…de “pedra” se tratava…
El-rei D. Sebastião tinha regressado, não do nevoeiro, como reza a esperança dos portugueses, mas das mãos de um escultor,
João Cutileiro. Então, todo aquele burburinho, que traduzia espanto, protesto, mais não era, na sua essência, que desconhecimento da existência de novas formas de expressão artística e …muita admiração por tanta ousadia.
Como tiveram coragem de colocar em praça pública aquela “coisa”? Seria uma estátua?
Como aquelas, que nos tínhamos habituado a considerar como tal, que existiam àquela época na cidade?!
O
Infante, majestoso, enorme, igual à memória que queriam que guardássemos dele e da sua obra, isso sim… era uma estátua! Quem se atrevera a fazer aquela “maldade” a El-Rei D. Sebastião?
Ocasionalmente encontrava o autor de "tamanha proeza" no caminho que fazia diariamente. Junto à escola que eu frequentava ficava o local onde trabalhava.
Via-o, sempre “vestido” da cor do material que tentava dominar, a pedra, enquanto dela se libertavam formas, que nos transmitiam mensagens e sensações.
Nessa altura, pouco conhecia da sua
obra, mas nesse dia de espanto para a cidade, eu fiquei muito curiosa.
Nessa época era difícil, mas hoje, se quisermos, é sempre possível saber
muito mais.



O meu Caminho



... foi sempre construído com a beleza de muitas flores.
Flores que desabrocharam, que deram os seus frutos,
e que me fizeram sentir uma árvore forte, protetora
e rica em sombra e alimento para todos que dela quisessem usufruir.
Bastando simplesmente reparar na sua constante presença.
Nem sempre foram flores de amendoeira.

Durante muitos anos foram outros aromas
que preencheram os meus sentidos, a minha vida.
Outros tempos e outras paragens!
Mas o cheiro da maresia sempre me chamou,

apelou ao meu regresso com promessas de reencontro
com as paisagens da minha adolescência,
com a beleza das flores de amendoeira, o sol, o mar...

https://picasaweb.google.com/100398248803690779376/31DeMaioDe2014?authuser=0&feat=directlink
https://picasaweb.google.com/100398248803690779376/PraiaDaLuz?authuser=0&feat=directlink















Aprendi a ler em livros, a escrever, primeiro numa "lousa", depois em papel. 
Enquanto exerci a minha actividade docente conheci e apliquei muitos recursos, que foram sendo sucessivamente substituídos por outros, mais modernos e eficazes.
Primeiro escrevia-se manualmente numas folhas, os testes eram cópias que saíam a tinta azul e tinham uma qualidade deplorável (não me lembro o nome técnico desse processo).
Mais tarde já escrevia à máquina sobre uma folha que retinha a impressão dos tipos/letras da máquina. Lia-se muito melhor e ficava com um aspecto aceitável.
Quando surgiram as fotocópias começamos a produzir um maior número de documentos, foi o tempo do "corte e costura". Era necessário dominar com perícia, o corte das imagens e a sua colagem no sítio certo, (lamentavelmente, este processo ainda se mantém para quem não se relaciona bem com esta nova máquina).
Sempre recebi, com entusiasmo, todas as inovações que tornaram o meu trabalho mais interessante e motivador para os meus alunos.
Claro que
ninguém se preocupou, em tempo útil, em ensinar a dominar e a usar eficazmente todos os equipamentos que foram chegando às escolas!
Se os professores ensinam, também podem ser autodidatas! Só que esta linguagem era nova, muito elaborada e, constantemente actualizada com uma rapidez vertiginosa!
Agora tudo me chega através desta máquina maravilhosa.
Rendi-me aos seus encantos… só preciso de tempo e teimosia!

Sem comentários:

Enviar um comentário